Uma das piores coisas da vida é fingir. Fingimentos de qualquer espécie, ordem, tamanho, tipo, grau. Odeio fingir. Me sinto mal, me sinto ator, me sinto fora de mim. Mas é necessário. De vez em quando é, acredite.
As pessoas me elogiam, me amam, me querem bem. Que bom, fico feliz: obrigado. Obrigado mesmo, obrigado de verdade, obrigado, obrigado.
Mas me dá licença, posso ficar na minha? Posso ficar sozinho? Posso ter o direito de estar triste? Não quero ficar sendo legal, quero meus cinco minutos de depressão profunda e solitária. Me deixe só com os meus pensamentos, com meu coração esmigalhado e com minha autoestima do outro lado.
Pensei em sumir. Desaparecer. Despistar. Fingir. Só que eu não vou. Vou me esforçar e acreditar que tudo vai ficar bem. A esperança nos mantém vivos, certo? A fé nos faz andar para a frente, certo? Então está certo. Ficamos combinados dessa forma.
Não espere poesia, linhas bem feitas, palavras bonitas. Simplesmente não posso. Agora não. Não sou de ferro. E está doendo. Você não entende a minha dor. Não quero explicar. Nem eu entendo. Sei que dói. Sei o que queria de você. Sei que queria que tudo fosse do meu jeito.
E meu jeito é certo? Não sei. Mas não me diga que a vida é assim, que ela não merece minhas lágrimas, que o mundo dá voltas e que o tempo cura.
A vida não era para ser assim, droga! Ela não merece minhas lágrimas? Mas eu preciso chorar! E quem disse que ela não merece? O mundo dá voltas, eu sei, mas para mim ele parou agora e nunca mais vai se mover.
O tempo cura, benegripe cura, neosaldina cura. Mas demora. Me deixa ficar aqui. Sozinho. Ouvindo música. No escuro. (…)
Amanhã eu recomeço. Ou não.