segunda-feira, 4 de junho de 2018

FINGIR

Uma das piores coisas da vida é fingir. Fingimentos de qualquer espécie, ordem, tamanho, tipo, grau. Odeio fingir. Me sinto mal, me sinto ator, me sinto fora de mim. Mas é necessário. De vez em quando é, acredite. 
As pessoas me elogiam, me amam, me querem bem. Que bom, fico feliz: obrigado. Obrigado mesmo, obrigado de verdade, obrigado, obrigado. 
Mas me dá licença, posso ficar na minha? Posso ficar sozinho? Posso ter o direito de estar triste? Não quero ficar sendo legal, quero meus cinco minutos de depressão profunda e solitária. Me deixe só com os meus pensamentos, com meu coração esmigalhado e com minha autoestima do outro lado. 
Pensei em sumir. Desaparecer. Despistar. Fingir. Só que eu não vou. Vou me esforçar e acreditar que tudo vai ficar bem. A esperança nos mantém vivos, certo? A fé nos faz andar para a frente, certo? Então está certo. Ficamos combinados dessa forma. 
Não espere poesia, linhas bem feitas, palavras bonitas. Simplesmente não posso. Agora não. Não sou de ferro. E está doendo. Você não entende a minha dor. Não quero explicar. Nem eu entendo. Sei que dói. Sei o que queria de você. Sei que queria que tudo fosse do meu jeito. 
E meu jeito é certo? Não sei. Mas não me diga que a vida é assim, que ela não merece minhas lágrimas, que o mundo dá voltas e que o tempo cura. 
A vida não era para ser assim, droga! Ela não merece minhas lágrimas? Mas eu preciso chorar! E quem disse que ela não merece? O mundo dá voltas, eu sei, mas para mim ele parou agora e nunca mais vai se mover. 
O tempo cura, benegripe cura, neosaldina cura. Mas demora. Me deixa ficar aqui. Sozinho. Ouvindo música. No escuro. (…) 
Amanhã eu recomeço. Ou não.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

CORPO MORENO

Te olho dormindo.
E a brisa suave te fazia adormecida nesta cama.
O quarto ligeiramente sombrio
A luz da manhã em contraste com a cortina na janela.
Te vejo assim, linda em sua pele morena
Entre o lençol que cobre o teu corpo
Meus olhos começam a devorar você,
Vou dedilhando em teu corpo
Arrancando suspiros em ti
E tua pele levemente arrepiada...
Minhas mãos caminham em tua nuca
Em teus cabelos entrelaço meus dedos
E sussurro devaneios em teu ouvido
Te enlouqueço...
Acordada se perde no compasso
E te olho agora, sentada, acabara de acordar
Como é linda
Assim fico a imaginar.
Se abrir esta cortina, o raio do sol
Contigo vem brincar
Assim como agora brinco com o meu imaginar.
Te vejo assim, pura,
Fico a pensar em teu pensar
Nas loucuras que entrelaçam em teus pensamentos
E nos desejos que te consomem em teu peito
E nas paixões que seduzem em teu olhar
E em teus lábios ligeiramente umedecidos
E nas silhuetas de teu corpo moreno...