Sons, ruídos, movimento, asfalto, calor, buzinas, calçadas, sinal vermelho na encruzilhada da vida! Do outro lado do vidro do carro há um senhor, uma senhora, um jovem a dizer não... "não tenho!"
Do lado de fora uma infância... Olhos lacrimejando, dentes podres, mãos estendidas, sem camisa, short rasgado e pés descalço.
É a fronteira final da infância! Crianças caídas, crianças carentes, crianças abandonadas...
Rimas que vão e que vem entre os rostos marcados; no choro sofrido e no riso inocente! é a frustração incontida que explode lentamente contra tudo e contra todos!
Eu já não tenho mais nada a perder... Tenho fome, quem me dará de comer? Tenho sede, quem me dará de beber?
Tenho sonhos, quem me deixará sonhar? Tenho infância, mas não me deixam sonhar; não me deixam viver, ter prazer e amar! Querem cortar a minha quimera, destruir a minha imaginação, exilar a fantasia que existe dentro de mim...
Querem acabar com a minha infância!