segunda-feira, 25 de outubro de 2021

DESCRENÇA (Parte 2)

 


Sons, ruídos, movimento,
Asfalto, calor, buzinas, calçadas,
Sinal vermelho na encruzilhada da vida!
Do outro lado do vidro do carro
Há um senhor, uma senhora, um jovem
A dizer não... "não tenho!"
Do lado de fora uma infância...
Olhos lacrimejando, dentes podres,
Mãos estendidas, sem camisa,
Short rasgado e pés descalço.
É a fronteira final da infância!
Crianças caídas, crianças carentes,
Crianças abandonadas...
Rimas que vão e que vem
Entre os rostos marcados;
No choro sofrido e no riso inocente!
É a frustração incontida
Que explode lentamente
Contra tudo e contra todos!
Eu já não tenho mais nada a perder...
Tenho fome, quem me dará de comer?
Tenho sede, quem me dará de beber?
Tenho sonhos, quem me deixará sonhar?
Tenho infância, mas não me deixam sonhar;
Não me deixam viver, ter prazer e amar!
Querem cortar a minha quimera,
Destruir a minha imaginação,
Exilar a fantasia que existe dentro de mim...
Querem acabar com a minha infância!

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